Nos últimos anos, os implantes hormonais ganharam notoriedade como supostos aliados no emagrecimento. Celebridades, influenciadores digitais e até alguns profissionais da saúde passaram a divulgar os benefícios desse método, apontando desde perda de gordura corporal até aumento da disposição e melhora do bem-estar. Mas será que os implantes hormonais realmente funcionam para emagrecer? Ou será apenas mais um mito da indústria da estética?
Neste artigo, vamos explorar o que são os implantes hormonais, como funcionam, quais hormônios são utilizados, os riscos envolvidos e o que a ciência realmente diz sobre sua relação com a perda de peso.
O que são os implantes hormonais?
Implantes hormonais são pequenos bastonetes, geralmente do tamanho de um palito de fósforo, inseridos sob a pele (normalmente no glúteo ou no braço) que liberam hormônios de forma contínua por um período que varia de alguns meses até um ano.
Eles foram desenvolvidos originalmente para tratamentos médicos, como terapia de reposição hormonal na menopausa, contracepção e reposição de testosterona em homens com deficiência hormonal. No entanto, seu uso tem sido ampliado para fins estéticos, especialmente com a promessa de emagrecimento.
Os hormônios mais usados nos implantes
Os implantes podem conter diferentes tipos de hormônios, dependendo do objetivo do tratamento. Os mais comuns incluem:
- Testosterona: hormônio masculino que também está presente em menores quantidades no corpo feminino. Associado ao aumento da massa muscular, libido e disposição.
- Estradiol: um tipo de estrogênio usado principalmente em terapias de reposição hormonal.
- Progesterona: também usado na reposição hormonal feminina.
- ** gestrinona**: um hormônio sintético com propriedades androgênicas e anabolizantes. É um dos mais controversos devido ao uso off-label (fora da bula).
- Silastic (implante não absorvível): libera hormônios de forma lenta e prolongada.
Emagrecimento com implantes hormonais: há evidência?
Aqui está o ponto central da discussão: implantes hormonais ajudam mesmo a emagrecer?
A resposta curta é: depende e, na maioria dos casos, não há comprovação científica sólida para seu uso com esse fim.
1. A testosterona e o ganho de massa magra
A testosterona pode ajudar a aumentar a massa muscular, o que, teoricamente, acelera o metabolismo basal (quantidade de calorias que o corpo queima em repouso). No entanto, isso não significa emagrecimento direto. Além disso, o uso de testosterona em mulheres pode causar efeitos colaterais significativos, como aumento de pelos, acne, alterações de humor e problemas hepáticos.
2. Gestrinona e o “chip da beleza”
Muito popular no Brasil, o chamado “chip da beleza” geralmente contém gestrinona, e vem sendo vendido como solução para perda de peso, aumento da libido, melhora da pele e disposição. O problema? Faltam estudos científicos rigorosos que comprovem essas promessas.
Além disso, a gestrinona pode causar efeitos colaterais graves, como alterações menstruais, aumento do colesterol, resistência à insulina e masculinização em mulheres (voz mais grossa, queda de cabelo, etc.).
3. Efeito placebo e mudanças de estilo de vida
Muitos pacientes relatam emagrecimento após a colocação de implantes, mas isso pode estar relacionado a outros fatores, como mudança na alimentação, prática de exercícios ou mesmo efeito placebo. É comum que a motivação aumente após um novo tratamento, levando a melhorias indiretas que não são causadas diretamente pelo implante.
Riscos e contraindicações
O uso de hormônios sem indicação médica clara pode gerar consequências sérias para a saúde. Entre os riscos mais comuns estão:
- Tromboembolismo (formação de coágulos)
- Disfunções hepáticas
- Alterações metabólicas (colesterol, glicemia)
- Supressão da produção natural de hormônios
- Efeitos colaterais estéticos indesejados
Além disso, o uso de implantes hormonais para emagrecimento não é aprovado por órgãos reguladores como a Anvisa, o que aumenta o risco de tratamentos sem controle e aplicação inadequada.
O que os especialistas dizem?
A maioria dos endocrinologistas e ginecologistas sérios é categórica: não existem implantes hormonais autorizados para fins de emagrecimento. Seu uso deve estar restrito a indicações clínicas bem definidas, sempre com acompanhamento médico e exames periódicos.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) já se posicionou publicamente contra o uso indiscriminado de hormônios para finalidades estéticas, chamando atenção para os riscos envolvidos e a ausência de evidências científicas que sustentem a prática.
Conclusão: mito ou verdade?
Implantes hormonais para emagrecimento são, em sua maioria, um mito. Embora alguns hormônios possam influenciar indiretamente no metabolismo e na composição corporal, o uso de implantes com essa finalidade não é respaldado pela ciência nem pelos órgãos reguladores.
Se você está buscando perder peso de forma saudável, o melhor caminho continua sendo a combinação entre alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos e acompanhamento com profissionais qualificados, como nutricionistas e endocrinologistas.
Cuidado com promessas milagrosas. Sua saúde não tem preço.
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